terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Casas noturnas de Santos têm falhas de segurança

Casas noturnas de Santos têm falhas de segurança


Portas pequenas, falta de identificação adequada e obstáculos que atrapalham a saída rápida do público. Essa é a realidade de algumas casas noturnas de Santos. No último fim de semana, a reportagem entrou em seis locais (como cliente, durante o funcionamento) e constatou que muitos espaços precisam de adequações para maior segurança em caso de ocorrências graves, como um incêndio. 

Foram visitados os estabelecimentos Bikkini Barista, Antonina, Barbaro Clubb, Santinha Music Bar e Balacobaco, todos no Centro, além do Torto Bar, no Embaré. Às 2h30 de sábado, a Moby Club, na Praia do Boqueirão, não permitiu a entrada, alegando que a casa fecharia mais cedo porque havia poucos clientes naquela noite, cerca de 20 pessoas.

As casas visitadas tinham extintores de incêndio dentro da validade e luzes de emergência. Entretanto, nenhuma tem porta de emergência padrão e saídas posicionadas em locais diferentes da entradas. O técnico em Segurança do Trabalho Marcelo Soares explica o que poderia ser feito nesses casos.

Santinha
Placas indicavam a rota de saída, mas não eram facilmente visualizadas por conta da escuridão e da fumaça artística (gelo seco). “Em um ambiente escuro assim, o recomendável é mais sinalização”, diz Marcelo Soares. A saída é ampla e sinalizada, porém existiam grades que só permitiam a passagem de uma pessoa por vez.

Bikkini Barista
A pista de dança fica no segundo pavimento, sendo o acesso uma escada sem iluminação. Para o técnico em Segurança, o ideal seria que cada degrau tivesse um faixa fotoluminescente (que brilha no escuro). A saída da Bikkini é feita por uma das três portas existentes, uma ao lado da outra, sem qualquer identificação. Na casa, ao menos, há brigada de incêndio, com dois bombeiros civis posicionados próximos aos extintores.

Na Bikkini Barista, faltava iluminação adequada na escada que leva à pista

Barbaro Clubb
Apenas um extintor de incêndio foi localizado, próximo à entrada. O ideal, segundo o técnico, é ter pelo menos três tipos no mesmo ambiente: de água, pó químico e gás carbônico. A saída era feita pelo mesmo local da entrada - uma porta com uma cortina preta na frente. Não havia identificação de emergência.


Na Barbaro Clubb, uma cortina estava obstruindo a saída de emergência e a sinalização não era adequada

Antonina

O acesso é feito somente por uma escadaria iluminada, com lâmpadas direcionadas aos degraus. “Mas em caso de uma pane elétrica, as luzes apagam. O ideal seria ter as faixas refletivas identificando cada degrau”. Um extintor estava no chão com mesas e cadeiras na frente. “O extintor, por norma, tem que ter um metro quadro livre. Não é permitida a obstrução”, explica o técnico.



Já na casa noturna Antonina, o extintor de incêndio estava no chão

Balacobaco

A saída de emergência está identificada, mas é fechada por uma cortina, tem uma barra de ferro no lado interno e um cercado de grades externamente. “Vamos supor que essa porta seja suficiente para a saída de 50 pessoas por minuto. Com esses obstáculos, vai limitar muito a quantidade”.

Torto

Há uma única porta de entrada e saída. Existe uma saída de emergência ao lado do palco, mas não atende aos padrões. “Não tem nem maçaneta, imagina todo mundo querendo sair por ali”, diz Soares.

Sem licença adequada
A Prefeitura de Santos admite que os seis estabelecimentos não possuem alvará para funcionar como casas noturnas. Todos têm documentação apenas para atividade de bar ou restaurante. Ainda assim, a Administração deu prazo até o final de fevereiro para que os locais regularizem a situação. 

Respostas

O advogado da Bikkini Barista, Alexandre Salamoni, diz que a casa tem lâmpadas de emergência próximas à escadaria e aprovação do Corpo de Bombeiros. Quanto à falta de identificação da saída, o advogado garante que já foram compradas placas de sinalização, que devem ser instaladas nesta semana.

Já a dona da Antonina, Fabiana Cunha, diz que não são necessárias faixas refletivas na escadaria porque existem luzes de emergência de LED, o que garantiria forte iluminação em caso de pane elétrica. Sobre a obstrução do extintor, Fabiana explica que a disposição dos equipamentos foi feita por um engenheiro que presta assessoria para a casa. 

O dono do Torto Bar, Michel Pereira, afirma que a porta de emergência fica aberta sempre. Ele diz, ainda, que o Torto tem alvará para bar com música ao vivo. “Esse alvará já atende à necessidade da casa”.

O responsável pelo Santinha, Maurício Bucheb, garante que já reforçou a sinalização nas paredes, mas ainda pretende colocar mais placas. Sobre as grades da saída, justifica dizendo que são móveis. “Qualquer empurrão elas caem no chão, são simplesmente para disciplinar a fila na entrada”. 

O dono do Balacobaco, Bruno Perecini, afirma que os obstáculos na saída de emergência são móveis. “Falarei com meu engenheiro e verei o que fazer”.

O proprietário do Barbaro, José Lino, garante que existem seis extintores localizados no salão principal. “Talvez a cortina tenha tampado um dos extintores. Se foi isso, até é um erro meu”. Sobre a cortina na saída, ele admite que o equipamento pode atrapalhar as pessoas. E também admite a ausência de placa na saída de emergência.

Na Balacobaco, além da cortina na saída de emergência, havia uma barra de ferro em frente à porta



Maurício Martins / A Tribuna

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